terça-feira, 4 de agosto de 2009

CADA NÍVEL UMA NECESSIDADE

NÍVEL PRÉ-SILÁBICO:
· Trabalho intenso com os nomes dos alunos,destacando as letras iniciais atividades variadas com fichas,crachás e alfabeto móvel.
· Contato com farto e variado material escrito,revistas,jornais,cartazes,livros,jogos,rótulos,embalagens ,textos,músicas,poesias,parlendas entre outros.
· Avaliação de leitura com e sem imagem-notícias,propagandas,histórias,cartas,bilhetes,etc...
· Hora da leitura-livros,revistas e jornais a escolha.
· Atividades de escrita espontânea-listas,relatórios,autoditado;
· Atividades para distinção de letras e numerais;
· Manipulação intensa com o alfabeto móvel;
· Desenho livre,pintura,modelagem,recorte,dobradura;
· Classificação de palavras ou nomes que se parecem;
· Memorização de como se escreve algumas palavras;
· Relatório oral de experiências;
· Produção de texto oral;
· Estudo e interpretação de gravuras;
· Análise e síntese de palavras;
· Interpretação oral de textos;
· Reconto e reescrita de histórias;
· Escritas espontâneas;

JOGOS DIVERSOS:
· Bingo de letras,de iniciais de nomes,e outros.
· Dominós associando nomes e iniciais,desenhos,letras;
· Baralho de nomes,figuras;
· Quebra –cabeças variados com gravuras,nomes e letras;
-JOGOS COM CARTÕES:
· Parear cartões com nomes iguais;
· Parear cartões com desenhos;
· Parear cartões com letras.
-JOGOS COM O ALFABETO MÓVEL:
· Cobrir fichas ou crachás;
· Separar e agrupar letras iguais.
-ÁLBUNS:
· De rótulos e embalagens;
· De nomes, retratos ou auto-retrato;
· Da história da vida do aluno.
-JOGOS E BRINCADEIRAS ORAIS:
· Com rimas;
· Adivinhações;
· Telefone sem fio;
· Recado oral;
· Jornal falado.

NÍVEL SILÁBICO:
· Atividades que envolvam frases e textos para facilitar a vinculação discurso oral e texto escrito.
· Elaboração de textos coletivos.
· Reconto e reescritas de histórias.
· Leitura de poesias, músicas, parlendas e outros textos significativos e previamente memorizados.
· Trabalho simultâneo e inter-relacionado com letras,palavras e textos:
· Análise sonora sobre as iniciais dos nomes próprios e palavras significativas.
· Completar lacunas em textos e palavras;
· Listas,escritas espontâneas diversas;
· Atividades para trabalhar com rimas,sons iniciais,finais e medianos das palavras;
· Ditados variados.
· Colocar letras em ordem alfabética.
· Cortar o número de palavras de cada frase.

-NÍVEL SILÁBICO-ALFABÉTICO:
· Jogos e atividades variadas com o alfabeto móvel e sílabas móveis;
· Caça-palavras;
· Cruzadinhas;
· Leitura e interpretação oral de diferentes textos,poesias,músicas,parlendas,textos diversos,etc...
· Produção de textos coletivos;
· Relatório oral e escrito de experiências vivenciadas.
· Escrita de cartas,bilhetes,listas,anúncios e propagandas.
· Análise e síntese de palavras significativas;
· Classificação e seriação de palavras;
· Transcrição de receitas,brincadeiras,piadas;
· Reestruturação de frases de poesias,parlendas ou músicas que os alunos já sabem de cor;
· Trabalhos manuais recortes,dobraduras,pinturas,encaixes propiciam aos alunos novas formas de expressão e o uso,em sua linguagem,de novas palavras.

-NÍVEL ALFABÉTICO:
· A prática de produção de texto é uma atividade essencial ao longo de todo o processo de alfabetização.
· Produção de texto individual e coletiva;
· Produção de texto a partir do desenho do aluno,a partir de gravuras em seqüência;
· Escrita de textos a partir de outros já conhecidos pelos alunos;
· Atividades a partir de um texto:
· Leituras globais ou parciais;
· reconhecimento de palavras,frases ou letras no texto;
· análise de palavras do texto quanto ao número de sílabas e de letras,quanto a letra inicial ou final,etc...
· ditado de palavras e frases relativas ao texto trabalhado;
· remontagem do texto com fichas de frases ou palavras;
· produção de um desenho para ilustrar o texto;
· marcar, no texto mimeografado, nomes próprios e comuns, rimas, palavras no singular e no plural;
· separar frases em palavras;
· construir frases com palavras do texto;
· completar lacunas de frases e palavras;
· registrar a frente das frases, o número de palavras que a compõem;
· produções de histórias em quadrinhos.
· Análise de palavras numa frase ou texto;
· Leitura de diferentes textos: livros, revistas, cartas, bilhetes, convites, propagandas, anúncios, músicas, poesias, parlendas, adivinhações, trava-línguas, etc...

SONDAGEM DA ESCRITA

MAPA DA CLASSE
Considerações sobre uma Sondagem da Escrita nas séries iniciais do Ensino Fundamental
Elaborado por Daniela David Delgado
Todos que estamos na área da educação nas séries iniciais do Ensino Fundamental, reconhecemos que uma mudança significativa nas concepções de aprendizagem e ensino da língua escrita vem ocorrendo desde os anos 80.
Essa mudança decorre principalmente da Psicologia Genética piagetiana que na década de 80 traz uma nova compreensão do processo de aprendizagem da língua escrita, por meio das pesquisas e publicações de Emília Ferreiro.
Tal fato obrigou a uma revisão radical das concepções do sujeito aprendiz da escrita e de suas relações com esse objeto de aprendizagem, a língua escrita.Se por um lado essa mudança ocorreu e é realmente significativa, por outro percebemos que ela não atingiu a totalidade dos professores que atuam com classes de alfabetização no Ensino Fundamental, das salas de Alfabetização (antigo Pré) até 0 terceiro ano do ensino de 9 anos.
Atualmente, defrontamos com basicamente dois tipos de professores alfabetizadores: o professor que valoriza o produto- final ( ler e escrever ) e entende- o como aquisição de habilidades ( coordenação- motora, discriminação visual, auditiva, etc) e uma segunda corrente que entende a alfabetização como a compreensão do modo de construção do conhecimento, daí a valorização das hipóteses que a criança desenvolve sobre a escrita.
Essas duas concepções determinam as diferenças na prática pedagógica e nos resultados que as crianças alcançam.
Como professora alfabetizadora dediquei muitos anos a primeira vertente acima apresentada ( o professor que valoriza o produto final) até que comecei a questionar a eficácia do método utilizado e iniciei um ciclo de mudanças: esta ou aquela apostila, este ou aquele material ou até a mistura deles.
É claro que esta situação de indecisão refletia também um sistema educacional que é falho ao capacitar seus professores, mas não é esse aspecto que pretendo focalizar no momento.
A verdade é que em dado momento da minha profissão optei pela segunda vertente: “entender a alfabetização como compreensão dos meios que a criança utiliza para representar a construção do seu conhecimento sobre a língua escrita” (Kramer,1986).
Isso significou entender o processo evolutivo dos meus alunos, tornando-se assim, imprescindível conhecer determinados aspectos desta evolução, essenciais para uma prática pedagógica consciente.
Eis porque escolhi relatar neste texto uma das possibilidades de ação docente na orientação do processo de aquisição da base alfabética do sistema de escrita, dentro dos pressupostos de pressupostos construtivistas: a Sondagem da Escrita.
A Sondagem da Escrita é um recurso essencial para o professor alfabetizador, pois permite identificar quais hipóteses as crianças têm acerca do funcionamento da língua.
Só assim o professor estará apto a realizar mediações que permitam efetivamente a construção da base alfabética da escrita.
Faz-se, portanto, necessário apresentar uma breve análise dos níveis conceptuais lingüísticos, os quais apresento com a nomenclatura mais conhecida entre os professores:
1-Nível Pré - silábico
a) Fase Pictórica: a criança registra garatujas e desenhos. Exemplo:{(FLOR) (MESA)
b) Fase Gráfica Primitiva: a criança registra símbolos ou letras misturadas com números. Exemplo: NO21 (CARRO) WRV6N (ÁRVORE)
c) Fase Pré-Silábica: a criança começa a diferenciar letras de números, desenhos ou símbolos. Exemplo: TRAQ (CASA) AIVNOAXE (ABACAXI)
2. Nível 2: Silábico: a criança conta os “pedaços sonoros”, isto é, as sílabas, e coloca um símbolo (letra) para cada pedaço.
Essa noção de cada sílaba corresponder a uma letra pode acontecer com ou sem valor sonoro convencional.
Por exemplo: AO ( GATO ) ou GT ( GATO ) c/valor sonoro
LI (GATO) ou EI (GATO) s/ valor sonoro
3. Nível 3: Silábico- Alfabético: é um momento conflitante, pois a criança precisa negar a lógica do nível silábico.
É quando o valor sonoro torna-se imperioso, e a criança começa a acrescentar letras principalmente na primeira sílaba. Por exemplo: TOAT (TOMATE)
4. Nível 4: Alfabético: a criança reconstrói o sistema lingüístico e compreende a sua organização. Exemplo: ela sabe que os sons L e A são grafados LA e que T e A são grafados TA e que, juntos, significam LATA.
5. Ortográfico : a criança apresenta-se na fase alfabética e necessita de intervenção do professor na ortografia.
Exemplo : conheceno;convesa;lipesa;,vamus; pasarino;aí ele passo lá; aí ele foi jutoo pedlero é ipotate pala noise.meupaiconeçel um muler oteme. (hipersegmentação) de maiso pa as ri no fo avu andu no cel. (hiposegmentação) de menos
REALIZANDO UMA SONDAGEM AS INVESTIGAÇÕES SOBRE A PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA PERMITEM AO PROFESSOR ATUAR COMO MEDIADOR NO PROCESSOR ENSINO-APRENDIZAGEM E FORNECER PISTAS PARA O APRENDIZ TORNAR-SE ALFABÉTICO.
NESSE PROCESSO, A SONDAGEM DIAGNÓSTICA CAPACITA O EDUCADOR A CONHECER AS HIPÓTESES DAS CRIANÇAS ENVOLVIDAS.
PARA REALIZAR UMA SONDAGEM ESCOLHE-SE QUATRO PALAVRAS (UMA POLISSÍLABA,UMA TRISSÍLABA,UMA DISSÍLABA E UMA MONOSSÍLABA,NESTA ORDEM)
E UMA FRASE DE UM MESMO CAMPO SEMÂNTICO.UMA DAS PALAVRAS DITADAS ANTERIORMENTE DEVE APARECER NESTA FRASE.
EXEMPLO": Lista de animais
DINOSSAURO
JACARÉ
GATO
BOI
O GATO DORMIU NA SALA.
Evitar palavras com sílabas contíguas, tipo urubu
PEDE-SE ENTÃO, PARA QUE A CRIANÇA(atividade individual) ESCREVA DO JEITO QUE SOUBER.
É IMPORTANTE PEDIR PARA QUE ELA LEIA, APONTANDO AS LETRAS E OS SINAIS CORRESPONDENTES À FALA.
A PARTIR DO MATERIAL INVESTIGADO EM UMA SONDAGEM, PODE-SE REFLETIR SOBRE O PENSAMENTO DA CRIANÇA E PERCEBER SUA HIPÓTESE LINGUÍSTICA.
Esta sondagem deve ser realizada individualmente, na primeira semana de aula e a cada 15 ou 30 dias de acordo com a evolução da classe.
Assim formar na sala grupos de trabalhos com hipóteses próximas.
Esse agrupamento tem por finalidade a desestruturação das hipóteses pré-silábica, silábica e silábica - alfabética e por meio de conflito, assimilação e acomodação, chegar à hipótese alfabética.
COMO A SONDAGEM DEVE SER UTILIZADA*
  • INSTRUMENTO PARA ANALISAR AS HIPÓTESES DA CRIANÇA A PARTIR DE ATIVIDADES SIGNIFICATIVAS, COLOCANDO A CRIANÇA DIRETAMENTE EM CONTATO COM O DESAFIO DE ESCREVER.*
  • SUBSÍDIO PARA O PROFESSOR;*
  • INSTRUMENTALIZADOR DO PROCESSO;*
  • CONHECER O QUE A CRIANÇA PENSA DE FORMA GERAL SOBRE A ESCRITA, QUAL A LÓGICA QUE UTILIZA NAQUELE MOMENTO PARA ESCREVER;*
  • ANALISAR AS HIPÓTESES DAS CRIANÇAS A PARTIR DE UMA PROPOSTA SIGNIFICATIVA,QUE FAZ PARTE DE UMA SEQUÊNCIA DE ATIVIDADE,ELA SABE PORQUE ESTÁ ESCREVENDO E PARA QUE ESTÁ ESCREVENDO,TENDO UMA FUNÇÃO SOCIAL;*

  • COLECIONAR PRODUÇÕES DAS CRIANÇAS:COM ESSE MATERIAL É POSSÍVEL FAZER UM ACOMPANHAMENTO PERIÓDICO DA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA E FORMULAR INDICADORES QUE PERMITAM TER UMA VISÃO DA EVOLUÇÃO DA HIPÓTESE DE ESCRITA DA CRIANÇA AO LONGO DO PROCESSO.OBJETIVOS DA SONDAGEM*
  • INSTRUMENTO PARA MAPEAR O CONHECIMENTO DAS CRIANÇAS SOBRE A ESCRITA;*
  • REORIENTAR SUA PRÁTICA PEDAGÓGICA;*
  • MATERIAL DE PESQUISA PARA DEFINIR AS POSSÍVEIS INTERVENÇÕES;*
  • ELABORAR SEU PLANEJAMENTO, PROPONDO SITUAÇÕES CAPAZES DE GERAR NOVOS AVANÇOS NA APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS;*
  • OBTER DADOS SOBRE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE CADA CRIANÇA.*
Sugestões de Campos semânticos para diagnóstico:
Não esqueça a frase
Partes do corpo
sobrancelha
cabeça ou barriga;
orelha perna ou braço;
dedo;
unhapé ou mão
O menino machucou _ _ _ _
Animais
mariposa ou dinossauro;
rinoceronte formiga ou, esquilo, coelho
tigre ou onça;
ursocão ou rã
O tigre está na floresta.
Algumas conclusões
Neste contexto é preciso que o professor possua conhecimentos e habilidades específicos, os quais permitirá a ele dirigir e orientar com segurança as tentativas de escrita da criança, saber identificar em que estágio do processo de apropriação do sistema a criança se encontra, saber interpretar as hipóteses, selecionar e organizar dados, decidindo que aspectos devem ser priorizados e saber, acima de tudo, levar a criança a confrontar as suas hipóteses com as convenções e regras do sistema e a partir de tudo isso conduzi-la à escrita ortográfica.Essa nova concepção exige um professor:
· Que aceite o pressuposto básico que o aluno é sujeito do seu próprio conhecimento, ou seja, constrói seu conhecimento.
· Que esteja disposto a compartilhar e pedir ajuda a outros parceiros e professores· Que não esconda suas frustrações e progressos
· Que seja investigativo e tenha a coragem de mudar· Que aposte em sua própria capacitação ,individual ou coletiva
· Que se de uma oportunidade ,que faça a diferença
Eis, portanto, o nosso maior desafio: mudar o nosso papel de doador de informaçõespara mediador da aprendizagem!